sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mãe de Água de Lisboa e os caminhos dos aquedutos


De Caneças até Lisboa






Breve história da Mãe de Água

Desde sempre, Lisboa teve problemas com o abastecimento de água. Na Idade Média, as carências de abastecimento de água eram gravíssimas. No séc. XV, as naus que a Lisboa chegavam, de Lisboa partiam sem a aguada para a viagem. É D. João V que, através da cobrança de impostos sobre os produtos que entravam na cidade, decreta, em 1731, o início da construção do Aqueduto das Águas Livres, com origem na Fonte das Águas Livres, perto de Carenque, indo desaguar no depósito das Amoreiras, cuja Mãe d’Água foi acabada em 1834.
Ilustração: Aqueduto das águas livres em Lisboa

Quanto aos aquedutos, não se sabe a data exata da sua construção, mas situa-se por volta da segunda metade do séc. XVIII. Estes são quatro, todos subsidiários do Aqueduto das Águas Livres: o do Olival do Santíssimo, o do Poço da Bomba, o do Vale da Moura e o do Carvalheiro. O maior dos quatro é o do Olival do Santíssimo, partindo da Quinta do Macário, perto da Quinta de Castelo de Vide, terminando em Belas/Sintra. Os outros três começam junto à vila de Caneças, no concelho de Odivelas.
Ilustração: Aqueduto das águas livres, próximo de Caneças 


Roteiro
Junto à vila de Caneças, inicia o percurso de três aquedutos, tendo oportunidade de conhecer a vila de Caneças, que ficou conhecida pelas suas águas e fontes e pelas atividades das lavadeiras e aguadeiros de Caneças, no início do século XX.
A técnica dos aquedutos das águas livres, nunca funcionou muito bem, daí as águas que se consumiam na cidade de Lisboa não serem muito puras, levando os lisboetas a comprar água em bilhas, proveniente das fontes de Caneças.

No início do século XX, antes da Primeira Guerra Mundial, Caneças não tinha estradas, nem indústrias, mas os habitantes desenvolveram negócios que envolviam toda a família: vendiam a sua água através dos aguadeiros, que transportavam as águas em bilhas e carroças até à capital e a vendiam de porta em porta, transportando também as trochas de roupa que alguns habitantes da capital enviavam para serem lavadas e coradas pelas lavadeiras nas ribeiras de Caneças. Estas, para não confundirem nem as freguesas nem as roupas das freguesas, tinham o seu rol, onde eram registadas as peças de roupa. A vila de Caneças ficou conhecida pela canção da aldeia da roupa branca.
Ilustração: As lavadeiras de Caneças com a roupa a corar

Aldeia da roupa branca
Letra e música: Raul Portela, G. Chianca, A. Curto
Intérprete: Beatriz Costa (?)
Ó rio não te queixes,                    
Ai  que o sabão não mata           
Ai até lava os peixes,    
Ai põe-nos cor de prata.
Três corpetes, um avental,        
Sete fronhas, um lençol,            
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traga a ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Um lençol de pano-cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormindo nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.


As fontes de Caneças
Da história desta vila fazem parte várias fontes. Algumas chegaram ao século XXI, mas outras foram-se perdendo no tempo.
Estas fontes são do início do século XX, a maioria são propriedade privada, fizeram parte do negócio de família.

A Fonte das Fontainhas é a única fonte que hoje em dia é pública, onde se podem observar alguns painéis de azulejo, representando a história da vila de Caneças. Junto desta fonte existe um parque de merendas onde se pode fazer um piquenique em família, com equipamento para fazer churrasco, um local agradável para tomar uma refeição ao ar livre. Ao passar por esta zona saloia, também se pode degustar as iguarias da região nos vários restaurantes existentes na região.
Ilustração: Representação do aguadeiro de Caneças

Ilustração: Respiradouros do aqueduto em Caneças

Repostas as energias, inicia-se o percurso a pé, de carro ou de bicicleta, iniciando no Pinhal Verde, passando pelo Arco Maria Teresa, Olival Santíssimo, descendo o vale em direção a Belas, fazendo uma pausa, podem saborear-se os fofos de Belas, um doce conventual muito apreciado. Passando de seguida pelo aqueduto na zona da Amadora, seguindo em direção a Benfica. Passando pela Serafina, chega-se à Mãe de Água das Amoreiras.

Esta foi projetada pelo Arquiteto Carlos Mardel, em 1746, e ficou pronta em 1834. Tinha como objetivo receber e distribuir a água fornecida pelo Aqueduto das Águas Livres. No interior, merece destacar a cisterna de água, com capacidade de 5500 m3 e com 7,5 metros de profundidade. Possui um terraço com vista panorâmica sobre a cidade de Lisboa. Pela sua beleza e grandiosidade, a Mãe d´Água é o local ideal para a realização de iniciativas culturais, como exposições de artes plásticas, concertos, bailados e teatro. O visitante é convidado a entrar no espírito Barroco, onde se assiste à procura do êxtase, da grandiosidade teatral, pomposa, numa ostentação de manifesto poder do Aqueduto das Águas Livres.
Ilustração: mãe de água Amoreiras
 Dá-se início a uma consciência de que a grandiosidade das obras públicas é o melhor símbolo de prestígio para o poder vigente.
As galerias do Aqueduto assemelham-se mais às alas de um convento do que a simples condutas de água.
Os respiradouros, situados ao longo das extensas galerias, oferecem um espetáculo natural de luz minimalista.
Ilustração: Aqueduto das águas livres em Lisboa
Ponto de partida e de chegada do passeio ”A Rainha”:
Com início no Aqueduto das Águas Livres, à Calçada da Quintinha, o percurso pedestre até ao Palácio Marquês da Fronteira, a S. Domingos de Benfica, pretende criar uma simbiose entre o Património Ecológico e o Património Histórico e Cultural.
Atravessando o majestoso Aqueduto das Águas Livres sobre o Vale de Alcântara, os visitantes poderão contemplar uma agradável panorâmica de Lisboa, entrando de seguida no Parque Florestal de Monsanto que, quer pelo seu relevo, quer pela sua área florestal, apresenta-se como um dos últimos refúgios de Lisboa.
Antes de finalizar o percurso, os visitantes são ainda convidados a apreciar a Igreja de
S. Domingos de Benfica e o Palácio dos Marqueses de Fronteira.

O monumento mais emblemático da cidade de Lisboa esteve encerrado ao público. Hoje em dia é possível visitar e percorrer a passagem com 941 metros, que liga Campolide a Monsanto. Está aberto e disponível a todos os que queiram fazer a “travessia” do Vale de Alcântara e apreciar a fantástica vista a 65 metros de altitude.
As visitas podem ser de grupo ou individuais, com a entrada a fazer-se pela Calçada da Quintinha, em Campolide. O emblemático monumento pode ser visitado de terça a sábado, entre as 10h00 e as 17h30. Aos domingos, segundas e feriados está encerrado.
Ao percorrer este roteiro, terá com certeza mais algum conhecimento da História e cultura do nosso pai, com a vantagem de desfrutar de lugares bastante agradáveis. 


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